29 April 2008

Correio Braziliense OPERAÇÃO ARCO DE FOGO
Começa a segunda fase
Polícia Federal vai bloquear rodovias federais e estaduais no Pará como parte da nova etapa do combate ao desmatamento ilegal
Edson Luiz

A Polícia Federal vai fechar várias estradas estaduais e federais do interior do Pará com o objetivo de sufocar ainda mais a saída de madeira ilegal do estado. A medida faz parte da segunda fase da Operação Arco de Fogo, que começa no próximo mês. Segundo o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, na primeira fase da operação foram feitas fiscalizações nas madeireiras e carvoarias, com aplicação de multas e apreensão de toras de madeira, e combate à criminalidade na região.

A segunda etapa da Operação Arco de Fogo terá também a presença de agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. A intenção é fechar as estradas para evitar que madeira estocada ilegalmente saia das serrarias e volte a circular, como estava ocorrendo em várias regiões do Pará. O ponto mais sensível era a cidade de Tailândia, que praticamente vivia da extração e venda irregular de toras.

Hoje, segundo fontes da PF, o nível de desemprego nesses municípios aumentou, o que pode ocorrer em outras áreas do estado. A ameaça da falta de vagas preocupa também os moradores de Paragominas, cidade que é considerada o maior centro moveleiro do Pará, onde praticamente todos os moradores vivem da extração da madeira. No município, o total de multas aplicadas chega a R$ 5,7 milhões. O valor da multas só foi menor do que no município de Tailândia, onde as empresas flagradas com irregularidades deverão pagar aos cofres públicos R$ 6 milhões. Em uma madeireira de Paragominas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou multas que chegaram a R$ 3 milhões. A empresa vendeu ilegalmente quase oito mil metros cúbicos de toras, que seriam suficientes para encher quase 400 caminhões.

Seqüência
Mesmo com a ação da PF nas rodovias, o Ibama e Secretaria Estadual do Meio Ambiente continuarão com a fiscalização. “Estamos apenas dando seqüência à Operação Arco de Fogo”, fiz Corrêa, ressaltando que a segunda fase será desencadeada em todo o estado, não apenas nas regiões onde há grande incidência de crimes ambientais. Nessa nova fase, a polícia pretende usar também um grande número de homens e viaturas, como um caminhão transformado em delegacia móvel.

A Operação Arco de Fogo está sendo desencadeada em 11 regiões da Amazônia, com o foco principal no estado do Pará. Em Rondônia, tanto o governador Ivo Cassol (sem partido) quanto políticos da bancada federal estudam um protesto contra a ação da PF. O movimento, que conta com a simpatia de parte do Congresso Nacional, deve ocorrer também em Brasília. No fim de semana passado, diversos deputados e senadores, além de Cassol, sobrevoaram áreas onde está sendo realizada a operação.

O número
Multas
R$ 6 milhões é o valor total das multas aplicadas a madeireiras e carvoarias apenas no município paraense de Tailândia


Correio Braziliense CHUVAS NO NORDESTE
Atingidos já são 606 mil

A Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) distribuiu, no último mês, 1.388 toneladas de alimentos para as vítimas dos desastres provocados pelas chuvas que atingem seis estados do Nordeste. O número de pessoas afetadas já chega a 606 mil, segundo o último balanço, divulgado no dia 24. O balanço anterior, de 14 de abril, registrava 540 mil atingidos. “A situação é preocupante, pois o número de atingidos está crescendo rapidamente. Foram 66 mil novas vítimas em apenas 10 dias. E a previsão é de que as chuvas aumentem”, disse Daniel Gonçalves, do Instituto Cáritas Brasileira. Segundo a Defesa Civil, nos seis estados já há mais de 62 mil desalojados e 80 mil desabrigados. O número de municípios atingidos subiu de 229, registrados até o dia 14, para 359. O estado mais atingido foi a Paraíba, com 121 municípios afetados, seguido pelo Rio Grande do Norte, com 66, e Maranhão, com 50. A Cáritas lançou, na semana passada, com apoio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, uma campanha chamada S.O.S. Nordeste, para obter recursos destinados a ajudar as vítimas das chuvas.
Clima
Ventos fortes em alto mar provocaram ressaca em várias praias do Rio de Janeiro. Somente na Zona Sul, bombeiros fizeram 96 operações de resgate
A orientação era para evitar o banho de mar. Mas muita gente enfrentou, ontem, as águas agitadas nas praias do Rio de Janeiro. A ressaca chegou à Praia do Leblon, na Zona Sul da cidade, com ondas de até 2m. Na Praia de Itaipu, em Niterói, as ondas chegaram a 2,5m de altura e deixaram o Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros em estado de alerta. Somente na orla da Zona Sul, foram realizadas 96 operações de resgate de banhistas.
De acordo com o meteorologista André Madeira, do Climatempo, o mar agitado foi conseqüência de um ciclone extratropical em alto mar na Argentina. “Os ventos fortes provocaram ondas que avançaram sobre o oceano e chegaram ao litoral. A tendência amanhã (hoje) é de redução”, disse. A agitação do mar no Rio de Janeiro é normal entre maio e setembro, mas, segundo o meteorologista, a antecipação do fenômeno não chega a causar espanto. A previsão é de que, a partir de quarta-feira, na véspera do feriado, o mar volte a subir por causa de uma frente fria, que também provocará chuvas.
Na última quinta-feira, o tráfego de catamarãs entre Charitas (Niterói) e a Praça XV (Rio de Janeiro) foi proibido depois de um acidente envolvendo uma embarcação com 237 pessoas. A catamarã teve a porta da proa arrancada pelo mar revolto. Dezessete pessoas ficaram feridas. Entre elas, duas grávidas.
Folha de São Paulo Continua busca por padre balonista
Marinha afirma que 72 horas é o período no qual há mais chance de se encontrar um náufrago com vida; a busca oficial durou seis dias
DIMITRI DO VALLE
Mesmo com o fim oficial das buscas, decretado pela Marinha no final da tarde de anteontem, a procura pelo padre Adelir Antônio de Carli continua sendo feita por voluntários, no litoral de Santa Catarina, onde o religioso desapareceu.
A Marinha informou que realizou todos "os esforços possíveis" ao manter os trabalhos durante seis dias, acima de 72 horas, considerado o período com maior chance de se encontrar um náufrago com vida.
Mas equipes do Corpo de Bombeiros de Penha (129 km a norte de Florianópolis) e voluntários vasculham regiões de mata e do litoral próximo ao município, onde a família acredita que Carli possa estar perdido. Ele caiu no mar quando partiu de Paranaguá (90 km de Curitiba) para tentar voar preso a cerca de mil balões de festa.
Parentes saíram de Ampére (291 km de Curitiba), a cidade natal do padre, para acompanhar as buscas neste final de semana em Penha, onde foram localizados os primeiros restos de balões usados no vôo.
Enquanto Carli não for encontrado, a família não admite trabalhar com a hipótese de que o religioso morreu. "Até que ele não seja encontrado, para nós ele está vivo e esperando ser resgatado", disse a comerciante Elizabete de Carli, prima do religioso.
Elizabete declarou que a família tem "rezado para que [este domingo] seja o último dia de buscas". "Estamos rezando para que Deus ilumine os guias para o lugar certo."
Até o fechamento desta edição, o padre não havia sido encontrado.
O dono de uma escola de balonismo em Belo Horizonte, Lincoln Fernandez Freire, disse que o caso deve servir como alerta para as autoridades aéreas impedirem novas tentativas semelhantes a do padre.
Freire afirmou que o religioso, além de desconhecer como estavam as correntes de vento, ignorou o perigo de encontrar nuvens repletas de turbulência.
"Aeronaves de grande porte evitam passar por nuvens assim para não correr risco de danos na estrutura do avião. Imagina uma pessoa amarrada a balõezinhos de festa?", declarou o empresário, que tem 20 anos de prática de balonismo.
Jornal do Brasil
GILBERTO AMARAL
O arauto da Defesa /Ordem militar
O arauto da Defesa
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, terá hoje com o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, hoje, e com o do Equador, Rafael Correa, na quarta-feira, com quem participará do vôo inaugural da linha entre Manaus e Quito. Nos dois encontros, Jobim pretende levar a proposta de criação do Conselho Sul-Americano de Defesa, já apresentada à Guiana e ao Suriname.
Ordem militar
O diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, foi condecorado com a Medalha do Mérito Militar, no grau de Oficial. A Ordem do Mérito Militar é a mais elevada distinção honorífica do Exército Brasileiro e destina-se a premiar personalidades ­ militares e civis ­ que tenham prestado notáveis serviços ao país e ao Exército.

24 April 2008

Folha de São Paulo Área protegida em SP vai restringir pesca de arrasto
Decretos devem proibir uso de rede em duplas de barcos ao longo do litoral
AFRA BALAZINA
O Estado de São Paulo deve proibir a pesca de arrasto de parelha (uso de rede presa a dois barcos) perto da costa. Em três decretos que devem ser assinados pelo governador José Serra (PSDB), em 8 de junho, o governo passa a considerar a prática predatória e deve mantê-la longe do litoral e das ilhas.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, serão criadas três APAs (Áreas de Proteção Ambiental) marinhas: do litoral norte, do litoral sul e do litoral centro. São as regiões onde a pesca de arrasto de parelha será vetada. Juntas, elas têm 1,1 milhão de hectares.
A Secretaria do Meio Ambiente prevê gastar R$ 2,2 milhões na compra de equipamentos para fazer a fiscalização das APAs. Devem ser adquiridas seis embarcações com dois motores cada, entre outros equipamentos. A licitação será aberta na próxima semana.
No total, 90 policiais ambientais ficarão encarregados da fiscalização. Serão 30 em cada APA. Segundo o secretário estadual Xico Graziano (Meio Ambiente), os decretos darão prerrogativa jurídica ao Estado para fiscalizar. Para ele, hoje há "um vazio de atuação".
Pesca amadora
As APAs são unidades de conservação de uso sustentável - estão em uma categoria não tão restritiva quanto a dos parques. Por isso, segundo a secretaria, provavelmente a pesca amadora e a artesanal serão mantidas, mas isso só será definido após a discussão com as comunidades locais em audiências públicas. A primeira acontece amanhã, em Iguape.
"Nosso foco é a pesca predatória e essa interferência extremamente danosa que a pesca de arrasto está provocando, especialmente no fundo do mar, aos corais", disse Graziano.
De acordo com ele, os barcos que realizam esse tipo de pesca estão cada vez maiores, assim como as redes. "Há redes com dois mil metros."
O porta-voz da Polícia Militar Ambiental, major Milton Nomura, afirma que os policiais encarregados de monitorar o local hoje, em razão da falta de equipamentos, quase só trabalham em terra. "O investimento vai remediar essa deficiência e permitirá que se previna o dano", disse.
Hoje, os policiais possuem oito barcos menores, que não são seguros em alto-mar.
O presidente da Federação dos Pescadores do Estado de São Paulo, Tsuneo Okida, apóia a medida. Ele afirma que os pescadores artesanais usam barcos individuais para pegar, sobretudo, camarões sete-barbas e não serão afetados.
Presença militar
Segundo Graziano, a Marinha apóia o projeto e vai colocar policiais ambientais em suas embarcações maiores.
Os militares são criticados por ambientalistas por utilizarem um trecho da ilha de Alcatrazes como alvo para exercícios de tiros. Segundo Graziano, essas atividades poderão continuar, apesar de a área ter se tornado uma APA. De acordo com ele, o Ministério do Meio Ambiente não se opõe aos exercícios na ilha. "Eu conversei com [o secretário-executivo do Ministério de Meio Ambiente, João Paulo] Capobianco e ele afirmou que há razões fundamentadas para que a atividade continue", disse Graziano.
Segundo o governo, existem 17 espécies de peixes marinhos consideradas ameaçadas de extinção na "lista vermelha" paulista. Além disso, o litoral é importante área de alimentação para espécies de tartarugas.
Folha de São Paulo
DENISE MENCHENT
ripulantes do navio porta-aviões americano ganham repelentes no Rio
No Rio desde segunda-feira, os 5.500 tripulantes do porta-aviões americano CVN-73 USS George Washington receberam uma arma extra para a operação em território brasileiro: um tubo de repelente para cada um.
O navio da maior máquina de guerra do planeta, as forças armadas dos EUA, carrega um arsenal composto por mísseis antiaéreos e de combate marítimo, metralhadoras giratórias controladas por radar capazes de disparar até 3.000 tiros por segundo e uma frota de cerca de 40 aviões de guerra. Tudo inútil diante do mosquito Aedes aegypti.
"Nossos oficiais foram alertados sobre a epidemia. Além de distribuir repelente, recomendamos a eles que usem calças e mangas compridas", disse o tenente-comandante Bill Urban. "Se alguém ficar doente, temos uma equipe médica a bordo que está preparada para atendê-los".
O medo do mosquito, no entanto, não foi suficiente para manter os oficiais longe da cidade. Após duas semanas em alto-mar, aqueles que estavam de folga ontem fizeram fila para tomar a barca que os levaria do local onde o porta-aviões está ancorado até o Píer Mauá, no centro. No trajeto para a embarcação, uma caixa repleta de camisinhas à disposição de quem saía dava indícios de um dos possíveis motivos do entusiasmo.
No píer, um ônibus do Hemorio recebia doações de sangue dos interessados em ajudar no combate à dengue.
No dia 25, o USS George Washington deixará a baía da Guanabara para fazer exercícios com os participantes da Operação Unitas (Brasil e Argentina). A manobra conjunta está na 49ª edição. O porta-aviões, que participou das ações militares americanas no Kosovo e no Iraque, tem 333m de comprimento, 78m de largura e 74m de altura.
Folha de São Paulo Separatistas da Somália resgatam navio árabe
Potências da ONU estudam resolução contra pirataria
Soldados somalis libertaram ontem um navio dos Emirados Árabes Unidos seqüestrado por piratas quando se aproximava na segunda-feira da cidade portuária de Bosasso, levando alimentos e carros. Após breve confronto, as tropas de Puntland -região semi-autônoma no noroeste da Somália- tomaram o controle do cargueiro Al Khaleej e libertaram os 16 tripulantes.
"Prendemos sete piratas. Nós vamos indiciá-los e a pena para pirataria em nosso país é a morte. Eles serão mortos", afirmou Abdullahi Said Samatar, ministro da Segurança da região, que se queixou da falta de apoio internacional ao resgate. Uma das áreas mais estáveis da Somália, país cingido pela guerra civil e sem governo central efetivo, Puntland não é reconhecida como Estado.
Samatar diz ter enviado tropas para resgatar também o pesqueiro espanhol capturado no domingo. Um eventual embate no mar não representará risco para os seqüestrados -os 26 tripulantes já estão em terra e passam bem, segundo o capitão do barco, Amadeo Álvarez.
A Espanha reconhece o governo federal da Somália -que, em meio à guerra civil, tem pouco poder efetivo, e expressou "total apoio à Espanha na busca por uma solução rápida e efetiva do seqüestro". O embaixador do país no Quênia foi enviado a Mogadício para tentar solucionar a crise.
Um dos tripulantes, Mikel Arana, disse por telefone ao pai que os seqüestradores a bordo são dez militares, "muito bem preparados, bem armados e organizados". Arana contou que eles esperam a chegada do líder do grupo para negociar.
A costa da Somália, com passagem estratégica do Mar Vermelho para o Índico, é uma das regiões mais perigosas para a navegação, segundo o Birô Marítimo Internacional, agência da ONU especializada em segurança da Marinha Mercante, que contabilizou 31 casos de pirataria no país em 2007. França, Estados Unidos e Reino Unido discutem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorize os países a combaterem piratas fora de suas fronteiras.
No início do mês, piratas somalis seqüestraram o veleiro Le Ponant, uma embarcação turística de luxo, de bandeira francesa. Após o pagamento de resgate e soltura da tripulação, a Marinha da França prendeu seis criminosos, recuperando parte do dinheiro pago.
Folha de São Paulo
CRISE NO ZIMBÁBUE
Sob pressão, navio chinês com armas pode voltar para casa
Um navio chinês com armas vendidas ao Zimbábue poderá ser obrigado a voltar para casa devido à forte pressão contra a entrega do carregamento ao ditador Robert Mugabe, admitiu Pequim ontem. O navio tentou levar armas, munição e granadas através da África do Sul, mas foi impedido por uma ordem judicial e por protestos.
Grupos de direitos humanos, sindicatos e políticos, incluindo o presidente da Zâmbia, estão unidos para bloquear a entrega. O temor é que Mugabe use as armas para conter civis que protestam contra a demora das autoridades do Zimbábue em divulgar os resultados da eleição presidencial do dia 29 de março. A oposição afirma que ganhou e acusa o ditador, no poder há 28 anos, de golpe e fraude.
Em editorial, o jornal estatal "Herald" sugere hoje que a saída para o Zimbábue é que seja negociado um governo de unidade nacional, sob liderança de Mugabe, para organizar uma eleição completamente nova, descartando os votos atuais.
Folha de São Paulo
EQUADOR
GOVERNO NEGOCIA AVIÕES DA EMBRAER
O Equador começou as negociações com a fabricante brasileira de aviões Embraer para comprar 24 Supertucanos, a fim de reforçar a vigilância da fronteira com a Colômbia. O presidente Rafael Correa anunciou anteontem um plano para fortalecer as Forças Armadas, que inclui a aquisição das aeronaves. "Já foram iniciadas as negociações com a Embraer", disse o comandante da Força Aérea, general Rodrigo Bohórquez.
Jornal do Brasil
Leandro Mazzini
O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, aporta hoje, às 14h, na Câmara. Participa, com oficiais da Marinha e donos de estaleiros, do lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Marítima. Idéia de Edmilson Valentim (PCdoB-RJ), que já teve a adesão de 15 deputados.

23 April 2008

Folha de São Paulo

Avião espião investiga desmatamento
Governo usa aeronave da FAB para
HUDSON CORRÊA

Um avião espião da FAB (Força Aérea Brasileira) que capta imagens de alta resolução está sendo usado em uma "perícia" nos 36 municípios responsáveis por 50% da devastação recente na Amazônia.

O sobrevôo pode acabar com as dúvidas sobre a extensão da área devastada estimada com dados de satélites analisados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). As informações são questionadas pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR).

Com resolução de imagem de seis metros -cerca de cinco vezes melhor do que a usada pelo Prodes (Projeto de Estimativa de Desflorestamento da Amazônia), do Inpe-, o mapeamento do avião R-99B apresentará com precisão a área desmatada nas cidades sobrevoadas. Além de mais preciso que os satélites Landsat e CBERS, usados pelo Prodes, o avião espião tem a vantagem de não ser prejudicado por nuvens.

O R-99B da FAB já realizou 94 horas e 15 minutos de vôo nesta missão. A estimativa é que o trabalho envolva no mínimo 400 horas, ao custo de cerca de US$ 1 milhão.

As imagens captadas pelo R-99B são processadas pelo Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), órgão vinculado à Casa Civil, que concluiu na semana passada o mapeamento de uma área de 264 mil quilômetros quadrados em municípios de Mato Grosso.

O trabalho com o avião da FAB, segundo o Sipam, pode ser chamado "de perícia que servirá como prova" para multar e mover ações judiciais contra o desmatamento ilegal.

Para o diretor-geral do centro gestor e operacional do sistema, Marcelo de Carvalho Lopes, não há como contestar as imagens. "Dá para ver até curvas de nível", afirmou, referindo-se aos patamares escavados em áreas cultivadas em terras com morros. O trabalho iniciado em março ocorrerá nos 36 municípios amazônidas que estão sob embargo imposto pelo governo federal -proibidos de desmatar até que fique claro quais são os culpados pela devastação recente.

Juntos, todos os municípios da lista têm 790 mil quilômetros quadrados (equivalente à soma das áreas de RJ, SP, ES, PR, SC, PE e RN, na conta da FAB). A expectativa é que o sobrevôo de todas a áreas a serem analisadas dure 45 dias.

O Sipam não divulgou, porém, uma estimativa do desmatamento real nas regiões já sobrevoadas, pois afirma que processa as imagens sem interpretar informações. Os dados serão analisados pelo Ministério do Meio Ambiente -foi a pasta de Marina Silva que encomendou o trabalho.

Cerco fechado
Não há a intenção, segundo o ministério, de confrontar as imagens captadas pelo avião da FAB com os dados sobre desmatamento obtidos com satélites usados pelo Inpe.

O Ministério do Meio Ambiente diz que os desmatamentos passaram a ocorrer em área cada vez menor e que o mapeamento da FAB fecha o cerco contra esses infratores.

Mato Grosso foi o ponto inicial do trabalho porque, na relação de municípios com maior desmatamento de agosto a dezembro de 2007, tinha sete dos dez primeiros colocados.

O município líder foi Marcelândia, um dos primeiros alvos dos sobrevôos.

Os dados captados por um radar do avião chegam ao Sipam em Manaus (AM) como se fossem uma fita VHS de vídeo. Um programa de computador transforma os dados corridos em imagens e demarca a área desmatada. Os aviões R-99 são conhecidos como "olhos e ouvidos da FAB" e foram desenvolvidas pela Embraer a partir de jatos ERJ 145.
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